Localizada
a menos de 5 quilômetros de onde será a Conferência das Nações Unidas
sobre Desenvolvimento Sustentável (Cnuds), a Rio+20, a comunidade de
Francisco de Assis, em Jacarepaguá, na zona oeste do Rio, é uma das
centenas de comunidades brasileiras que não têm sistema adequado de
coleta e tratamento de esgoto.
Grande parte das casas da comunidade, que abriga cerca de mil pessoas, joga
seu esgoto diretamente no Arroio Pavuna, rio que margeia a comunidade e
desemboca na Lagoa de Jacarepaguá, em frente ao Riocentro, onde será a
Rio+20.
A outra parte das moradias é atendida por um sistema de coleta. Ainda assim, pelo menos parte desses resíduos coletados acaba no rio, já que é jogado na rede de águas pluviais. A Agência Brasil constatou que há esgoto saindo da rede de drenagem da comunidade, mesmo em um dia sem chuvas.
Além da consequência mais evidente, que é
a poluição de corpos hídricos [cursos d´água ou reservatórios] que
cortam grande parte dos bairros de Jacarepaguá e da Barra da Tijuca, a
falta de saneamento básico cria também problemas de saúde para a
população.
Durante visita da Agência à comunidade,
um grupo de cinco crianças brincava às margens do rio, que tem a
aparência de um valão, de cor cinza, cheio de esgoto e lixo.
“Nessa favela, o esgoto vai
todo para dentro desse rio. A gente tem medo de doença. Na minha casa,
em abril do ano retrasado, a água veio na minha cintura. Um vizinho já
pegou cólera e um outro teve hepatite”, conta a moradora Ginalva dos Santos, de 51 anos, que vive com dois filhos e cinco netos em uma casa ao lado do rio.
Maria do Carmo da Silva, de 65 anos, conta que joga o esgoto de sua casa direto no curso d’água.
“Tem muito mosquito. É uma
coisa insuportável, a gente não consegue nem dormir direito. Acho que
deveríamos ter saneamento. Seria o certo, né?”, questionou a moradora.
A líder comunitária Ana Maria Costa disse
que a comunidade também tem problemas com infestações de ratos devido
ao acúmulo de lixo nas margens do rio e que os moradores vêm “batalhando desde 2009 para conseguir fazer um saneamento básico direito”.
Responsável pelo saneamento na região, a
Fundação Rio-Águas informou que a comunidade Francisco de Assis será
atendida ainda neste semestre por um pacote de intervenções de
manutenção de esgoto que está em licitação na prefeitura.
Entre as intervenções que serão feitas
estão serviços de desobstrução e reparo na rede. Também será realizada
vistoria para identificação de possíveis redes clandestinas de esgoto
que estejam sendo jogadas no sistema de águas pluviais, que desemboca no
rio.

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